Criar e acompanhar indicadores de desempenho são atividades fundamentais da gestão em Saúde eficiente. A metodologia garante que os resultados traçados no planejamento estratégico estão sendo alcançados. Com o uso de sistemas de gestão (Enterprise Resource Plainning – ERP), os dados são coletadas de forma sistemática e padronizada, o que permite comparativos internos e externos, proporcionando assertividade nas decisões.
Os indicadores são métricas particulares de determinados processos da instituição. Eles permitem acompanhar, de forma linear e histórica, como a organização responde aos desafios que se apresentam no dia a dia. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por exemplo, possui uma planilha com mais de 150 tipos de indicadores que podem ser adotados pela gestão de instituições de Saúde.
Para Fernando Arruda, professor e coordenador adjunto do curso de medicina da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), a gestão de Saúde deve perceber quais são mais adequados para a realidade da instituição. “Não é preciso criar indicadores. É necessário que o gestor conheça os que existem e aplique dentro da instituição, entendendo o porte, suas relações com os demais players do setor e objetivos presentes no planejamento estratégico”.
O especialista explica que, do ponto de vista da gestão hospitalar, os indicadores são utilizados para aperfeiçoar as práticas operacionais. “Essa estratégia permite identificar lacunas, adotar medidas corretivas e avaliar os resultados. Também possibilita que o hospital faça a autoavaliação e a comparação com outras instituições”, aponta.
Para a gestão de operadora de Saúde, o professor destaca algumas particularidades da estratégia. “A gestão por indicadores permite identificar os prestadores de referência, que oferecem serviço de alta qualidade. Com ela também é possível prever se a operadora terá gastos adicionais com o beneficiário em determinado hospital. São instrumentos para avaliar a qualificação e a excelência do hospital contratado”.
O especialista insiste que não basta implementar a gestão por indicadores do dia para a noite. A adoção da metodologia depende de uma cultura institucional comprometida com qualidade e melhoria contínua. “Precisa partir do planejamento estratégico, que qualifica os indicadores como instrumento de gestão em Saúde. Também deve haver a capacitação de todos os profissionais envolvidos e, a partir daí, a aferição sistemática desses dados”.
Alguns indicadores são comuns e mais utilizados, segundo o professor:
Taxa de ocupação: corresponde a um cálculo que envolve o número de pacientes-dia e o número de leitos-dia do hospital dentro de um período de tempo específico. É utilizado para avaliar a necessidade de ampliação da estrutura, por exemplo.
Duração média da estadia: avalia quanto tempo o paciente permanece na instituição. Esse dado é interessante para medir a eficácia dos procedimentos clínicos;
Taxa de infecção: mensura quantas e quais são as infecções adquiridas no ambiente hospitalar. Essas informações auxiliam na elaboração de ações de prevenção de incidentes;
Taxa de readmissão: informa sobre pacientes que precisaram ser reinternados ou tiveram que fazer procedimentos não previstos após a alta;
Tempo de espera do paciente: mede a satisfação dos pacientes em relação ao serviço da instituição. Ajuda na criação de ações para diminuir esse gargalo na assistência;
Margem operacional: avalia dados sobre os procedimentos operacionais da instituição, prevenindo gastos desnecessário e otimizando recursos;
Satisfação do paciente: mede a felicidade do usuário em relação à assistência recebida.
Tecnologia
O especialista explica que muitos indicadores são retirados de relatórios automáticos, que permitem o cruzamento de dados. Inteligência Artificial (IA) e big data permitem fazer o armazenamento e cruzamento de forma simples e rápida. “A tecnologia permite ter dados qualificados e cruzá-los de forma sistemática, facilitando o abastecimento dos indicadores”.
Para que a coleta, organização e cruzamento desses dados funcione de maneira eficiente, a cultura da instituição deve estar voltada para tal, com a capacitação dos profissionais para usar corretamente as ferramentas. Essas tecnologias não são específicas para os indicadores, mas geram números que serão úteis para a gestão da organização de Saúde fazer o planejamento estratégico em busca de melhorias operacionais.