Canopy Growth avalia produzir maconha medicinal no Brasil
11/06/2019
Maior produtora de cannabis do mundo, a Canopy Growth aguarda a regulamentação do cultivo e uso da planta para a produção de medicamentos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para dar passos mais largos no mercado brasileiro. Por meio da Spectrum Therapeutics, sua marca global para pesquisa, operações na área médica e distribuição de produtos medicinais derivados da cannabis, a companhia canadense, cujo valor de mercado ronda os US$ 15 bilhões, acaba de inaugurar nova sede em São Paulo (SP) e tem planos de estabelecer, no futuro, uma operação fabril no país. Na Colômbia, onde esse passo já está sendo dado, os investimentos chegarão a US$ 150 milhões.

"O potencial do mercado brasileiro justifica ter uma operação local", disse ao Valorontem o diretor da Spectrum Therapeutics no Brasil, Jaime Ozi. Na véspera da apresentação da proposta de regulação pela Anvisa e dois dias antes do lançamento oficial da filial brasileira da marca da Canopy, o executivo estava confiante no avanço das discussões. "A Anvisa tem estudado esse mercado e está totalmente preparada para colocar em discussão uma proposta regulatória com muita consistência."
O plano de negócios para o Brasil depende justamente das normas que forem editadas. No Canadá, por exemplo, foi estabelecido que a venda do produto é feita diretamente ao paciente. Mas o acesso poderia se dar também via farmácias caso a regulação autorizasse. Também é preciso ter clareza quanto às regras para pesquisa e cultivo, que vão determinar o modelo de negócios a ser seguido.

Inicialmente, o plano é trazer para o país três dos seis produtos disponíveis: Amarelo - os produtos têm nome de cores, daí a marca Spectrum -, de alto teor de canabidiol (CBD) e pouca presença de tetraidrocanabinol (THC); Azul, de teores bem equilibrados; e Vermelho, no qual prevalece o THC.

Conforme Ozi, a empresa calcula que há no país 1,7 milhão de pacientes que poderiam ser atendidos com o portfólio atual da Spectrum. A meta é alcançar uma participação de mercado de pelo menos 25%, como acontece no Canadá. Naquele país, de um total de 400 mil pacientes, 100 mil utilizam os tratamentos da Spectrum.

A incursão do grupo Canopy na América Latina começou a ganhar corpo em julho do ano passado, com o início das atividades na Colômbia, país cuja regulamentação para importação de insumos e produção de medicamentos baseados em cannabis é mais avançada. Ali, a Spectrum tem uma fazenda para cultivo da planta com 160 hectares e, no fim deste ano, começará a construir uma fábrica.

O segundo destino na região foi o Chile, onde a legislação para pesquisa e desenvolvimento nessa área também é avançada. Em janeiro, a empresa abriu seu terceiro mercado latino-americano, o Peru. "As operações vão aonde está a legislação", afirmou Ozi. Ao mesmo tempo, o grupo canadense acompanhava já há alguns anos a evolução dos debates em torno da regulamentação no Brasil, que, apesar de responder pelo maior potencial de mercado, ficou na lanterna das discussões na América Latina.

Ao longo de 2019, a Spectrum promoverá cursos e seminários com médicos e associações de pacientes no país, para ampliar o conhecimento sobre seus produtos. Ainda neste ano, espera iniciar estudos clínicos localmente para dois deles. E, se tudo correr bem e a regulamentação for consumada conforme o esperado, chegar a mercado pode ser uma realidade em meados 2020. "Há necessidade de controle, para que se tenha segurança e garantia de eficácia. Então, o órgão regulador terá de ter capacidade de rastrear o produto desde a origem", ponderou Ozi.

Com vendas líquidas de US$ 64 milhões no terceiro trimestre do ano fiscal de 2019, que está prestes a terminar, a Canopy Growth tem dez unidades licenciadas de produção de cannabis e duas lojas da marca Tweed. No fim do ano passado, recebeu um aporte de US$ 4 bilhões da Constellation Brands (da cerveja Corona), ganhando fôlego para seus planos de expansão. Há um mês, comprou por US$ 343 milhões a alemã C3 Cannabinoid Compound e ampliou presença no mercado europeu.
 
Fonte: Valor




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