Maior grupo hospitalar privado do país, a Rede D'Or assinou acordo para a aquisição da maternidade Perinatal , que atualmente pertence ao Grupo Santa Joana, marcando sua entrada nesse segmento no Rio de Janeiro. O valor da operação não foi divulgado.
O negócio inclui além das unidades da Perinatal, em Laranjeiras e Barra, as unidades intensivas de atendimento neonatal mantidas pela maternidade em hospitais de Niterói, São Gonçalo e São João de Meriti. O grupo, que pretende praticamente dobrar o número de leitos, em cinco anos, de 6,4 mil leitos para 11 mil, tem outras aquisições no radar fora do Rio de Janeiro.
Apesar de fazer partos em algumas unidades, a Rede D´Or ainda não tinha maternidade no Rio. Algumas pessoas do setor avaliam, no entanto, que seu domínio no mercado de hospitais na cidade pode suscitar preocupações no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que trata de assuntos relacionados à concorrência.
A Rede D'Or e a Amil — maior operadora do país, com 6,2 milhões de beneficiários — têm sido vorazes compradores de hospitais no mercado do Rio. Segundo fontes do setor, o aumento da concentração de unidades nas duas empresas já preocupa empresários de hospitais de pequeno e médio porte, que temem o enfraquecimento daqueles que ficarem fora dos grandes grupos.
As duas gigantes travaram uma queda de braço sobre o modelo de remuneração dos serviços hospitalares, que culminou com o anúncio do descredenciamento de sete hospitais da Rede D'Or São Luiz , no Rio, pela Amil, em abril deste ano. Segundo fontes, a princípio a Amil teria descredenciado planos básicos, o que representariam 70% dos atendimentos feitos a beneficiários da operadora pela Rede D'Or, que preferiu o descredenciamento total.
Para Guilherme Xavier Jaccoud , presidente do Sindicato de Hospitais e Clínica do Rio de Janeiro (SindhRio), a concentração de hospitais em redes, assim como a verticalização dos planos de saúde com unidades próprias de atendimento, são um movimento irreversível:
— Esse é um caminho irreversível para reduzir custos do atendimento e que acontece não só com hospitais, mas também como laboratórios clínicos. É uma tendência de mercado que não tem mais volta e tem um inevitável efeito sobre os pequenos e médios hospitais. A tendência é que só se mantenham nesse cenário aquelas unidades que têm um atendimento muito específico e de grande relevância. O que há muito se pergunta é quando a Rede D'Or se juntará a uma operadora para lançar um plano de saúde. A rede verticalizada o grupo já tem — avalia Jaccoud.
Expansão acelerada
A Rede D'Or opera 44 hospitais espalhados por Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal, Pernambuco, Maranhão e Bahia, que juntos somam 6,4 mil leitos e realizam 32,3 mil partos por anos. No Rio, são 14 unidades.
O grupo, que tem cerca de 5% dos leitos privados do país, diz que 80% do seu crescimento será orgânico. No momento, tem seis hospitais em construção, entre eles, unidades em Campinas, na Zona Norte de São Paulo, e em Macaé. A expectativa é ampliar em cinco mil o número de leitos dessa forma, em cinco anos, sem contabilizar as novas aquisições.
Segundo fontes do setor, o crescimento é uma estratégia de sobrevivência para manter a vitalidade da companhia, diminuir custos administrativos e garantir poder de barganha na compra de materiais.
Em 2016, a Rede D'Or comprou um terreno em São Conrado, que pertencia ao Clube de Regatas do Flamengo, para a construção da maternidade Star , de alto padrão, inspirada na badalada maternidade São Luiz, do grupo, em São Paulo.
A compra das duas unidades da maternidade Laranjeiras, segundo pessoas próximas ao grupo, não muda os planos de construção da maternidade em São Conrado, que além de atender geograficamente áreas diferentes das duas unidades da maternidade Laranjeiras, tem foco em outro grupo de consumidores, mais elitizado. A expectativa é a maternidade Star, aliás, esteja pronta em 2020.
A Perinatal foi fundada em 1985. Além das unidades de Laranjeiras e Barra, o grupo está presente em Niterói, São João de Meriti e São Gonçalo, com unidades de tratamento intensivo neonatal em hospitais locais. Pelo acordo com o grupo D´Or, Manoel de Carvalho e José Maria Lopes, fundadores da maternidade, permanecem exercendo atividades na empresa.
Procurados a FenaSaúde, que reúne as maiores operadoras do setor, e Anahp, associação dos hospitais privados, não quiseram se manifestar.