Novos planos de saúde têm preço menor e acesso a um só grupo de hospitais
10/07/2019

Bradesco, SulAmérica e Golden Cross fecham parceria que prevê atendimento concentrado na Rede D’Or. O público-alvo são pequenas e médias empresas

Operadoras de saúde e redes hospitalares estão desenvolvendo um novo modelo de negócio. Depois da última onda de aquisições e construções de unidades próprias de atendimento, a chamada verticalização, as empresas do setor estão criando planos com uma rede credenciada menor, concentrada em hospitais de um único grupo. O modelo reduz custo para as empresas, o que resulta em mensalidades de 20% a 25% mais baratas para o beneficiário.

O Rio é o berço dessas primeiras iniciativas. Em parceria com a Rede D’Or São Luiz, que tem 16 hospitais na Região Metropolitana do estado após a compra da Perinatal – , Bradesco Saúde, SulAméricae Golden Cross já oferecem produtos neste novo modelo, com atendimento focado nos hospitais do grupo, o que inclui não só internações, mas também procedimentos como exames de imagens e atendimentos ambulatoriais. As três operadoras já têm planos de expandir a iniciativa para outros estados, e algumas inclusive já estudam outros parceiros. O público preferencial são pequenas e médias empresas, a partir de três funcionários.

Integração e Informações

O modelo começou a ser gestado há cerca de três anos. O primeiro passo foi um projeto-piloto, com a Bradesco Saúde, voltado para o atendimento de 32 mil dos 85 mil funcionários da Rede D’Or. O projeto ganhou fôlego e se tornou um novo plano.

– Em um ano, enquanto o custo do plano de saúde desses funcionários foi reduzido em 28%, os dos demais tiveram incremento de até 18%. O custo per capita chega a ser 40% a 50% menor. A quantidade de internações caiu 10% e o custo por internação, quase 30% explica Heraclito Gomes, presidente executivo da Rede D’Or, acrescentando que o grupo poderia desenvolver o modelo em Brasília, Recife, SP e no ABC paulista.

Uma das diferenças é o modelo de pagamento, que deixa de ser por serviços e passa a ser feito por pacotes ou diárias e com custos fixos para atendimentos de emergência. O negócio prevê centrais de agendamento, fornecidas pela rede hospitalar, nas quais o usuário do plano é direcionado para o atendimento de médicos e serviços da rede credenciada. O sistema compreende alertas para repetição de consultas e exames e monitoramento do resultado obtido pelo tratamento.

– Um dos dilemas da saúde hoje é a fragmentação do cuidado. Administrar hospital não é nossa vocação como seguradora. A integração de informações e a articulação da rede melhoram a qualidade da assistência e resultam em redução de custo – diz Manoel Antônio Peres, diretor-presidente da Bradesco Saúde e da Mediservice, que pretende levar o modelo a São Paulo e diz que há planos de parceria com a Rede D’Or também em Pernambuco.

Proteção de dados

Segundo Franklin Padrão, presidente da Golden Cross, a explosão de custos do setor nos últimos cinco anos levou muitas operadoras a investirem em redes próprias e estimulou o setor a pensar em novos modelos.

– Não existem muitos provedores de rede (hospitalar) com tamanho suficiente para esse tipo de parceria. No Rio, teria mais uma rede hospitalar a que poderiamos nos associar, mas para outra clientela.

Os planos regionais são uma alternativa para a busca da sustentabilidade do setor, diz André Lauzana, vice-presidente Comercial e de Marketing da SulAmérica, que acaba de lançar um plano no Rio, em parceria com a Rede D’Or, com mensalidades a partir de R$ 132, voltado a empresas com mais de 30 funcionários. A operadora, diz Lauzana, estuda o lançamento de produtos semelhantes com outros parceiros, inclusive, fora do Rio.

– Todos compartilham o risco, desde o consumidor, com o pagamento da coparticipação, induzindo um uso mais consciente, até a rede de hospitais. O resultado é a combinação de cuidado coordenado do usuário com uma rede focada. Trata-se de um sistema mais sustentável.

Para Ana Carolina Navarrete, pesquisadora em saúde do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idee), é preciso mais tempo para avaliar se o modelo é favorável ao consumidor.

– A grande preocupação, no entanto, é com a proteção de dados. Garantir que as informações serão usadas com o consentimento do consumidor e a segurança no armazenamento dessas informações – ressalta, numa referência ao compartilhamento de dados entre a operadora e a rede de hospitais.

Fonte: O Globo




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