Identificar a causa ajuda a reduzir a formação de pedras no rim
25/07/2019

Em 90% dos casos, cálculos renais são provocados por distúrbios metabólicos que podem ser identificados por exame e tratados com remédios

Identificar a causa ajuda a reduzir a formação de pedras no rim, de acordo com o nefrologista Oscar Fernando Pavão, da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, em São Paulo.

Em 90% dos casos, o cálculo renal é provocado por distúrbios metabólicos – os 10% restantes não têm causa definida. O médico explica que os distúrbios metabólicos mais comuns são a hipercalciúria, que leva ao excesso de cálcio na urina, a hiperuricosúria, excesso de ácido úrico, a hipocitratúria, dimimunição do citrato, que impede que os cristais se agreguem levando à sua precipitação, e a hiperoxalúria, excesso de oxalato de cálcio, nessa ordem.

“Há também causas mais raras, como problema na paratireoide, dificuldade de excretar ácidos pela urina e infecção associada à bactéria Proteus. Possivelmente existem aspectos genéticos e celulares que participam do mecanismo de formação de pedras que ainda não estão definidos”, afirma.

Como a maioria das causas de pedra estão relacionadas a um defeito no rim, que gera o distúrbio metabólico, a dieta pouco interfere na formação dos cálculos, segundo Pavão.

“Se comer mais cálcio, pode ter mais pedras? Isso é um defeito do rim, não tem nada a ver com dieta. Há trabalhos mostrando que tomar leite e derivados ou evitá-los não modifica muito a história de cálculo renal. Ou seja, ninguém tem que fazer dieta de leite e derivados”, explica.

Já a ingestão de água faz diferença. O nefrologista orienta que o volume de líquido ingerido diariamente deve ser entre 30 e 35 ml por quilo. “Isso significa que uma pessoa de 70 kg deve tomar de 2 a 2,5 litros de líquidos por dia. Pode ser água, suco, sopa, chá”, diz.

Além de beber líquidos de forma adequada, outros fatores que contribuem para a prevenção de pedras são, no caso de pouca produção de citrato, aumentar o consumo de ácido cítrico, como suco de laranja e limão, no caso de excesso de ácido úrico, reduzir a ingestão de purina, presente em carnes, frutos do mar e cerveja, e, no caso de excesso de cálcio, comer menos sal.

“Ao ingerir muito sódio, será preciso eliminá-lo pelo urina. O rim tem um transportador que ao eliminar o sódio, excreta também o cálcio, Então, a pessoa acaba tendo hipercalciúria porque come muito sal”, afirma.

A recomendação geral do médico é que quem tem histórico familiar de cálculo renal e propensão a ter o problema deve beber grande volume de água por dia, aumentar o consumo de ácido cítrico e reduzir o consumo de carne e sal.
Ele ressalta que identificar o distúrbio metabólico ajuda a minimizar o problema. “Uma vez que se faça o diagnóstico metabólico e a abordagem terapêutica, seja ela comportamental ou medicamentosa, o número de cálculo reduz”, diz.

É possível identificar o distúrbio por meio do chamado estudo metabólico, que é realizado por meio do exame de urina de 24 horas, no qual são dosados todos os componentes (cálcio, oxalado, ácido úrico, citrato).

O tratamento varia de acordo com cada problema. “O excesso de cálcio é tratado com determinado tipo de diurético. Já para o excesso de ácido urico existe um remédio que inibe sua síntese. A falta de citrato é reposta em forma de remédio e assim por diante”, diz.

O nefrologista destaca que os medicamentos são para evitar a formação de pedras, mas não têm efeito naquelas que já existem. “A pedra pode ficar quieta por anos, a pessoa pode até morrer com o cálculo. Mas ela também pode sair ou aumentar, mas nunca diminuir”, explica.

A boa notícia é que a frequência da formação de pedras reduz com a idade. “É uma doença de jovem, que começa aos 20 ou 30 anos. É muito menos frequente em idosos. Provavelmente há uma melhora metabólica ao longo da vida”, diz.

Segundo Pavão, não é apenas o estudo metabólico que traz melhoras na qualidade de vida de quem vai investigar a causa do problema. “Quando a pessoa vai ao médico, acaba tratando também comorbidades como diabetes e hipertensão. Você não trata uma pedrinha, mas sim o indivíduo”.

A análise cristalográfica, exame que analisa de que material é feito o cálculo, para quem consegue pegar a pedra quando expelida, é “pouco significativa” para se descobrir a causa dos cálculos, segundo o nefrologista.

“Pouco ajuda medir o que tem no cálculo. Não importa o que compõe a pedra, mas sim o distúrbio metabólico de base que formou o núcleo dessa pedra”, afirma.

As composições mais comuns são de oxalato de cálcio, ácido úrico, estruvita e fosfato de cálcio. “O que precipita em volta da pedra normalmente é o oxalato de cálcio. Mas o problema não é o oxalato que precipita, mas a origem da pedra, o distúrbio metabólico”, finaliza.

Fonte: R7




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