Para especialistas, uma prática com foco no paciente nunca poderá substituir um olhar atento do profissional
Maksoud Plaza. Evento do ‘Estado’ ocorre no dia 22
Falar em empatia em um mundo tecnológico tornou-se ainda mais importante. O avanço tecnológico trouxe benefícios inegáveis para a Medicina: hoje muitas doenças são passíveis de cura ou são controladas graças a esse avanço. Mas, para Graziela Moreto, diretora de programas educacionais da Sobramfa – Educação Médica & Humanismo, que capacita médicos a praticar Medicina com foco no paciente, “o problema não está na tecnologia, mas em como o profissional a utiliza”. “A tecnologia nunca poderá substituir o olhar atento quando o paciente está contando sua história clínica nem o toque de conforto que é fundamental para o exercício de uma Medicina de excelência.”
Para Maria Auxiliadora Benedetto, que trabalhou mais de 30 anos no serviço público como cirurgiã e clínica geral e hoje é diretora de publicações da Sobramfa, a tecnologia pode até auxiliar a dimensão humana.
“O problema é tomar tecnologia como fim e não como meio. Se a tecnologia caminha lado a lado com a dimensão humanística do ser humano, ela somente trará benefícios. Além disso, é mais importante a qualidade da escuta do que o tempo de escuta”, pondera.
Já o urologista Fábio Ortega lembra de uma frase “que todo mundo ouve na faculdade de Medicina”, sobre os limites emocionais de um atendimento médico. “Você deve se envolver com o paciente para compreender o problema, mas não deve se envolver demais para não sofrer.”
Para ele, esse é um equilíbrio que pode pesar para o lado negativo do processo, pode comprometer. “A boa prática médica precisa de empatia. No Brasil existe uma heterogeneidade muito grande entre os cursos. Mas a empatia adentra o que chamamos de ‘currículo oculto’, em que o aluno, vendo como o bom médico lida com o paciente, segue seus passos. Os bons cursos de Medicina têm intenção de ajudar e aprofundar a empatia do médico com o paciente”, diz Ortega.
Um dos projetos recentes criados para promover uma aproximação entre médico e público em geral é o Doutor Ajuda.
A plataforma movimenta site, canal de YouTube e página no Facebook. Tocado por um grupo de médicos, entre eles o urologista Fábio Ortega, o canal quer levar informação às pessoas de forma empática e esclarecedora, tirando dúvidas de quem usa a internet para saber mais sobre sintomas e doenças. O Estadão Summit Saúde 2019 leva a discussão sobre empatia médica ao evento de 22 de agosto, no Hotel Maksoud Plaza.