Segundo o médico Luiz Carlos Corrêa da Silva, da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, todos os anos de 1,5 mil a 2 mil pessoas morrem em decorrência da doença
A morte da atriz e roteirista Fernanda Young aos 49 anos surpreendeu o país pela precocidade, mas também pela causa: crise asmática seguida de parada cardíaca. Os dados do Sistema Único de Saúde (SUS), contudo, mostram que são comuns os óbitos motivados pela doença.
Conforme o médico Luiz Carlos Corrêa da Silva, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, todos os anos de 1,5 mil a 2 mil pessoas morrem no país por ataques agudos de asma.
— Muitas vezes, os pacientes negligenciam os sintomas e não fazem o tratamento adequado. Quando isso acontece e a crise é grave, o risco é enorme — comenta o especialista, que é professor de Medicina na UFRGS e médico na Santa Casa de Porto Alegre.
De acordo com Luiz Carlos, com frequência as crises de asma são causadas por infecções respiratórias, por conta de vírus ou bactérias. É comum ocorrer gripe, febre e outros males que desgastam os mecanismos de defesa. Em consequência desse quadro, não raro o paciente tem percepção inadequada do que está sentindo e não sofre falta de ar.
— Mesmo que se busque uma emergência, pode ser tarde demais, a ponto de o antibiótico não fazer mais efeito — afirma o médico.
Coordenador do projeto Fumo Zero, da Associação Médica do Rio Grande do Sul, Luiz Carlos sugere aos asmáticos que, ao menor sinal de crise, o tratamento regular prescrito pelo médico pessoal seja seguido à risca. Se o quadro persistir, é preciso procurar atendimento em um centro de emergência.
Ele afirma que o melhor diagnóstico é feito vasculhando tudo o que ocorreu com o paciente nas últimas 48 horas. O tratamento pode ser feito com bronco-dilatadores, cortisona e antibiótico.
Saiba mais sobre a doença e seu controle
Quais são os sintomas?
Variam muito, bem como sua gravidade. No entanto, os sintomas clássicos são: chiado no peito, opressão torácica e falta de ar.
— Às vezes, a manifestação é não (conseguir) correr atrás do ônibus, não conseguir fazer educação física — descreve o pneumologista Roberto Stirbulov, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Quando se manifesta?
O pneumologista diz que, normalmente, os sintomas surgem na infância, dão uma trégua durante a adolescência e pioram na vida adulta.
Qual é o tratamento?
O tratamento convencional, chamado de preventivo, é feito com uso diário de substâncias inalatórias:
broncodilatadores mais corticoide, diz o chefe do Serviço de Pneumologia da Santa Casa de Porto Alegre, Adalberto Rubin. Durante as crises, fala o especialista, que também preside a Sociedade Gaúcha de Pneumologia, é preciso fazer mais uso de broncodilatadores e, se necessário, acrescentar antibióticos e anti-inflamatórios.
Há outros casos, chamados de asma grave, em que, mesmo usando toda a medicação recomendada, o paciente não consegue controlar a doença e segue com sintomas e crises frequentes. Para esses quadros, é recomendada a utilização de imunobiológicos, medicamentos de alta tecnologia que atuam na fisiopatologia da asma grave, especifica Rubin.
— A maioria dos pacientes são asmáticos que respondem ao tratamento, mas tem porcentagem deles, em torno de 5%, com asma grave. O quadro vai piorando, e a pessoa tem mais crises e não responde ao tratamento — comenta o pneumologista de São Paulo.
Qual a causa?
O que sabe até hoje é que a doença tem um componente genético importante. Quando a pessoa é exposta ao meio ambiente, adquire a inflamação crônica.
O que é o controle?
Stirbulov explica que cada doença tem um critério de controle. No caso da asma, o objetivo para prescrição de medicamentos é:
Fazer com que o paciente não tenha sintomas que atrapalhem suas atividades habituais.
Não acordar no meio da noite com asma.
Não necessitar medicamentos de alívio.
Exercer atividades físicas e sociais sem que a doença atrapalhe.
Tem como prevenir?
Na realidade, por ter um fator genético, não é possível prevenir a doença em si, porém, pode-se evitar o contato com elementos externos desencadeantes como ácaros e poeira, entre outros.
— No inverno, as pessoas pegam roupas ou cobertas guardadas e recebem uma carga de ácaros que desencadeiam asma e rinite. O recomendando é embalar os cobertores em sacos plásticos — fala o professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Fazer o tratamento indicado para controlar os sintomas também é fundamental.
Animais de estimação e esportes são proibidos?
O médico diz que não é o pelo do animal que pode provocar as crises, mas sim a poeira que ele carrega. Contudo, uma minoria dos pacientes tem sensibilidade ao pelo em si. Já quanto à prática de esportes, se controlada, a doença não interfere.