Análises moleculares já são utilizadas no dia a dia do atendimento oncológico, resultando em tratamento individualizado, com mais eficácia e menos efeitos colaterais
Dr. Marcelo Cruz Com as novas tecnologias, conseguimos analisar os tumores de forma mais precisa, descobrindo alterações que podem ser bloqueadas por medicamentos específicos”
Dr. Rafael Gadia As novas técnicas em radioterapia possibilitam reduzir a área irradiada, atingindo menos tecidos normais e permitindo a aplicação de doses maiores de radiação”
Dra. Maria Isabel Achatz Os testes genéticos evoluíram muito e, hoje, com o diagnóstico precoce, já conseguimos evitar radioterapia, quimioterapia ou cirurgias de grande porte”
Dr. Leonardo Testagrossa Com os novos métodos de patologia molecular, conseguimos definir terapias individualizadas para pacientes com tumores de determinado perfil genético”
Dr. Artur Katz Com a medicina de precisão, os diagnósticos não são mais limitados à aparência do tumor. Mergulhamos nas alterações moleculares que levaram ao desenvolvimento do câncer”
Dr. Fernando Santini Para cerca de 40% dos tumores de pulmão já é possível encontrar um alvo que pode ser afetado por uma droga específica. Isso pode nos levar a dispensar quimioterapia”
Dra. Daniele Assad Com a análise genética, podemos aconselhar a paciente com câncer de mama inicial em ações preventivas para evitar um segundo tumor, por exemplo”
As estratégias de combate ao câncer estão avançando em velocidade sem precedentes. Uma das principais razões para isso é que cada vez mais a ciência consegue identificar o tratamento ideal para cada paciente e tipo específico de tumor, melhorando os resultados e reduzindo efeitos colaterais. Essa busca pela individualização do tratamento, conhecida como medicina de precisão, já é uma realidade consolidada na oncologia, de acordo com especialistas do Hospital Sírio-Libanês. Com vários novos métodos e tecnologias à disposição, em especial nas áreas de genômica e biologia molecular, os cientistas conseguem analisar os tumores de forma mais individualizada e precisa.
“Isso nos permite descobrir, nas células de câncer, mutações ou alterações que podem ser bloqueadas por medicamentos específicos, que chamamos de terapias-alvo”, afirma Marcelo Cruz, oncologista do Sírio-Libanês em São Paulo.
Segundo o especialista, além de possibilitar diagnósticos extremamente precisos, as análises genômicas dos tumores permitem que os médicos encontrem “alvos” para os tratamentos, isto é, genes com mutações específicas, que têm ligação com o avanço do câncer. Quando esses alvos estão presentes, os especialistas podem escolher medicamentos sob medida para aquelas características genéticas. A evolução das tecnologias genômicas levou a constantes descobertas de novos alvos, resultando em terapias mais específicas, de acordo com o especialista. “No passado, quando esses alvos não eram conhecidos, as terapias eram testadas por tentativa e erro. Com a medicina de precisão, além de aumentar a chance de sucesso dos tratamentos, temos melhores condições para os testes, o que acelerou incrivelmente a descoberta de novos medicamentos.”
“A medicina de precisão permite não apenas diagnosticar a doença, mas compreendê-la do ponto de vista molecular, isto é, determinar quais são as exatas alterações moleculares que levam as células a se comportarem de forma aberrante, desencadeando o desenvolvimento do tumor”, afirma o diretor-geral do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês, Artur Katz. Os testes moleculares são utilizados como base para a escolha do tratamento, segundo ele.
“Muitas vezes não é preciso recorrer à quimioterapia, pois há drogas que atuam de forma precisa nas alterações moleculares identificadas.”
De acordo com Fernando Santini, também oncologista do Sírio-Libanês em São Paulo, para cerca de 40% dos tumores de pulmão já é possível encontrar um alvo que pode ser afetado diretamente com uma droga específica, reduzindo os efeitos colaterais. “Isso pode nos levar, por exemplo, a dispensar uma quimioterapia desnecessária.
Quando oferecemos um tratamento igual para todos, não sabemos quem realmente vai se beneficiar”, diz.
A evolução na medicina de precisão é constante. No Sírio-Libanês, já são usados testes moleculares capazes de avaliar mais de 300 alterações em amostras de tumores. Equipamentos de última geração analisam os dados e produzem um laudo que é utilizado para selecionar a terapia ideal para o paciente. “Essa evolução é acompanhada pelo avanço de novas áreas fundamentais para o futuro da oncologia, como a bioinformática, a patologia molecular e a oncogenética”, afirma Santini.
No laboratório de patologia do Sírio-Libanês são realizados testes capazes de avaliar mais de 300 alterações moleculares em amostras de tumores