Avanços da genômica aumentam a precisão dos diagnósticos
30/09/2019
A finalização do sequenciamento do genoma humano logo após a virada do milênio foi o estopim para a maior personalização na medicina. Os dados genômicos passaram a ser empregados para melhorar diagnósticos e tratamentos, cada vez mais ajustados a cada indivíduo.
 
Mais recentemente, o conceito de medicina de precisão uniu várias técnicas, incorporando informações não só a respeito do genoma mas de proteínas e outros dados que permitem ampliar conhecimentos sobre efeitos das doenças nos organismos para prescrição de tratamentos mais assertivos. “Até poucos anos atrás a medicina não contava com recursos computacionais como big data para ampliar sua capacidade de análise”, aponta Iscia Lopes-Cendes, professora da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, onde lidera grupo de pesquisa em neurogenética, e coordenadora da Iniciativa Brasileira de Medicina de Precisão (BIPMed).
 
Com apoio da Fapesp, o BIPMed conta com os primeiros bancos de dados genômicos e genéticos públicos sobre a população brasileira, incluindo aqueles da população normal e de pacientes com doenças específicas. A iniciativa nasceu na esteira de movimento mundial semelhante. “Médicos e laboratórios podem acessar os dados on-line e incorporá-los em suas análises”, indica Iscia.
 
Os conceitos atraem todos os elos da cadeia da saúde, inclusive por aqui. A indústria farmacêutica se empenha em estudos para a criação de drogas cada vez mais específicas, notadamente relacionadas a doenças como câncer e moléstias raras. Em 2015, Pfizer inaugurou no Chile um Centro de Excelência em Medicina de Precisão (CEMP), pioneiro do gênero na América Latina e voltado a investir em um primeiro momento na validação de novas tecnologias de diagnóstico molecular do câncer.
 
A Roche, por sua vez, é única a ter no mesmo grupo uma empresa que oferece diagnósticos - Roche Diagnósticos - e análise genômica, com a Foundation Medicine, voltada a sequenciamento genético do perfil de câncer para suportar decisão médica mais acertada, destaca o presidente da Roche Pharma Brasil, Patric Eckert.
 
A Roche mantinha participação na Foundation Medicine desde 2016 e finalizou no ano passado a aquisição integral da empresa, avaliada em US$ 5,3 bilhões. As soluções rastreiam características do tipo de câncer de pacientes já diagnosticados e as cruzam com banco de dados mundial exclusivo.
No Brasil, estão disponíveis testes para tumores sólidos, biópsias líquidas, doenças malignas hematológicas e sarcomas. Outras três farmacêuticas mundiais - AstraZeneca, Bristol-Myers Squibb e Pfizer - também se uniram no Brasil para avaliar um biomarcador relacionado a câncer de pulmão, informa a diretora médica associada da Bristol-Myers Squibb, Angelica Pavão, em artigo no site da empresa.
 
A AstraZeneca apoia iniciativa anunciada este mês pelo Hospital das Clínicas da USP, que investiu em um complexo de saúde que reúne startups, investidores e pesquisadores em torno de objetivos como transformar pesquisa acadêmica em soluções práticas. “Montamos centro de inovação focado na jornada do pulmão, que cobrirá doença pulmonar obstrutiva crônica, asma e câncer de pulmão”, diz a diretora médica da AstraZeneca, Maria Augusta Bernardini.
 
O Fleury aposta nos novos conceitos desde 2015, quando adquiriu sequenciadores de próxima geração e montou um time de informática e cientistas para desenvolver testes genômicos, apoiados por bioinformática e inteligência artificial. “A receita da plataforma de genômica lançada em 2017 cresce em média 50% ao ano”, afirma a diretora executiva Jeane Tsutsui. Um dos exemplos de uso resultou de parceria entre o grupo Fleury e o Hospital Pérola Byington, em São Paulo, com pacientes da rede pública. Estudo divulgado em abril mostra que 111 pacientes com câncer de mama em estágio inicial, das quais 109 tinham indicação de quimioterapia por critérios clínicos, realizaram exame genético. Após os exames, o número de indicações de quimioterapia caiu 69,7%, com indicação de tratamento com hormonioterapia e radiologia. Os resultados do estudo proporcionaram economia equivalente a R$ 420 mil ao hospital.
 
 
Fonte: Valor




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