Quando o setor de saúde passa por um check-up
10/10/2019
O diagnóstico já é bem conhecido, e não faltam dados que ajudem a examinar o problema. Entre 2010 e 2017, o número de leitos nos hospitais brasileiros caiu 10%, ou seja, perdemos 31,4 mil unidades de internação, segundo a Federação Brasileira de Hospitais (FBH). Nesse período, 430 hospitais particulares não tiveram condições econômicas de manter suas atividades, o que afetou principalmente a população que vive no interior, onde se observou o maior volume de fechamentos. Mais da metade (53%) desses hospitais atendiam o Sistema Único de Saúde (SUS). Enquanto isso, segundo a Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB), as 2.100 instituições desse tipo que existem no País lidam com uma dívida que chega a R$ 21 bilhões. A entidade associa o problema à defasagem da tabela do SUS, que cobre em média 40% dos gastos médicos.
 
O prognóstico, a longo prazo, também vem sendo anunciado há um bom tempo: com o envelhecimento populacional, o sistema de saúde se verá sob uma pressão cada vez maior. Vale lembrar que no Brasil, entre 2007 e 2017, o número de pessoas com mais de 60 anos passou de 17,4 milhões para 26 milhões. O fenômeno é global. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os idosos representarão um quinto da população do planeta em 2050.
 
Como vamos garantir qualidade de vida a esse grupo, que é mais propenso a ter doenças crônicas, exigindo acompanhamento profissional prolongado e, portanto, maior utilização dos serviços de saúde?
 
Com diagnóstico e prognóstico em mãos, é hora de propor soluções. Otimização de recursos, ganho de eficiência: que o caminho é esse, já sabemos. Mas que passos podemos – e devemos – dar agora? E que resultados eles trazem?
 
Para responder a essas questões, trago como exemplo um projeto implementado pelo Hospital Sírio-Libanês. Centro de referência internacional em saúde, ele dispensa apresentações; mesmo assim, vale a pena destacar sua dimensão social. O Sírio-Libanês mantém diversos projetos em parceria com o Ministério da Saúde de apoio à gestão do SUS, com o desenvolvimento de técnicas e operação de gestão em serviços de saúde; capacitação de recursos humanos; parcerias com gestores local e federal de saúde; e pesquisas em diversas áreas. O hospital mantém ainda várias unidades de atendimento à população por meio do Instituto de Responsabilidade Social Sírio-Libanês (IRSSL), pelo qual oferece atendimento nas unidades Hospital Municipal Infantil Menino Jesus, AME Dra. Maria Cristina Cury, Hospital Geral do Grajaú, Hospital Regional de Jundiaí e Serviço de Reabilitação Lucy Montoro Mogi Mirim, todos no estado de São Paulo.
 
No ano passado, o Sírio-Libanês acionou a GE Healthcare, nosso braço voltado ao setor de saúde, para uma missão: tornar o centro cirúrgico do complexo hospitalar instalado no bairro da Bela Vista, em São Paulo, mais eficiente.
 
Tudo começa, mais uma vez, com um diagnóstico completo. Com base em dados relativos aos dois anos anteriores, workshops e entrevistas, vimos que aquela estrutura, com tecnologia de ponta, poderia atender ainda mais pacientes. Mesmo levando em conta um cenário macroeconômico desfavorável.
 
Teve início então um projeto customizado, que engajou cerca de 40 pessoas de várias áreas do hospital. Uma frente de trabalho focou na redução de cancelamentos e transferências no agendamento, outra melhorou a governança do centro cirúrgico, e uma terceira se voltou ao atendimento de novas demandas, estreitando relacionamento com cirurgiões-chave e promovendo a conversão de orçamentos particulares. Assim nasceu o primeiro projeto a ser liderado de forma conjunta pelos consultores da GE Healthcare e pelas equipes de excelência operacional e gestão do centro cirúrgico do Sírio-Libanês.
 
O resultado? Vamos começar pela captação de novas demandas. O número de orçamentos enviados em 24 horas subiu 7%, o que teve um impacto positivo na conversão em cirurgias realizadas. O número de cirurgias robóticas cresceu 13%. Ao avaliar a realização de cirurgias particulares, vemos que foi possível reverter uma tendência de queda e chegar a um crescimento superior a 4%.
 
Além disso, deu para reduzir em 20% o número de cirurgias canceladas com um dia de antecedência, quando comparamos os dados coletados entre agosto e novembro de 2017 com os do mesmo período do ano anterior. Também houve um ganho de pontualidade – o número de atrasos no primeiro horário caiu 5%.
 
Ao todo, o aperfeiçoamento das estratégias operacionais permitiu um aumento de 8% no volume de pacientes operados. Tudo isso mostra que dá, sim, para conciliar economia, qualidade e crescimento, com benefícios para as instituições, para os médicos e para aqueles que são o foco principal de todo o serviço: os pacientes. E é com base em soluções personalizadas, construídas com os clientes e com foco em humanização tecnológica, como essa desenvolvida com o Sírio-Libanês, que a GE Healthcare abraçou um novo posicionamento.
 
Desde 2015, a companhia vem se consolidando como uma consultora na área de saúde. A meta é combinar a oferta de equipamentos com soluções específicas para a demanda de cada cliente, provendo o apoio necessário para a tomada de decisões clínicas, operacionais e financeiras.
 
O portfólio da GE Healthcare contempla boa parte das áreas de um centro médico, permitindo procedimentos cada vez mais precisos, seguros e humanizados. E os softwares da empresa não só facilitam a atividade clínica, a realização de exames radiológicos e o trabalho de gestão, como permitem armazenar e analisar dados – um material que rende insights valiosos.
 
Em seu novo modelo de atuação, a companhia também analisa a viabilidade econômica de projetos, ajudando os clientes a avaliar a necessidade de investimento, de apoio e de tempo. Com a consultoria, a GE Healthcare ajuda o cliente a aperfeiçoar protocolos, processos e gestão de equipamentos, para reduzir custos e ganhar produtividade.
 
Assim, nos alinhamos com um grande processo de transformação da área médica, que já está em curso, mas cuja velocidade depende da união dos vários stakeholders de todo o setor. Pacientes, médicos, radiologistas, administradores de hospitais, fontes pagadoras, órgãos públicos – cada um tem suas próprias reivindicações. E é importante levar em conta todas elas, mas sem perder de vista a principal meta em comum: ter um sistema de saúde cada vez mais sólido, eficiente, democrático e humanizado. E isso requer uma nova atitude; cuidados paliativos não adiantam mais.
 
 
 
Fonte: Valor




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