Coronavírus pesa e petróleo abre 2020 com queda de 12%
03/02/2020
Os preços do petróleo chegaram a registrar ganhos nos primeiros dias de 2020, com a escalada da tensão entre Estados Unidos e Irã, mas não resistiram ao receio de que o surto de coronavírus originado na China tenha impacto relevante na economia mundial, e consequentemente na demanda de óleo, e encerraram janeiro com baixa de mais de 10% em Londres.
 
No mercado de minério de ferro, os efeitos do coronavírus somente serão conhecidos quando forem retomadas as negociações nos portos chineses, paralisadas desde o dia 25 por causa do feriado prolongado do Ano Novo chinês. Até o dia 24, a commodity exibia alta modesta no acumulado do ano, de 1,7%, a US$ 93,71 a tonelada. A expectativa é a de que os contratos à vista voltem a ser negociados em forte baixa.
 
De acordo com o banco suíço Julius Baer, os mercados de commodities não conseguiram escapar da pressão de venda com o fechamento de várias cidades chinesas, diante da preocupação com uma potencial desaceleração significativa da atividade econômica. Ao mesmo tempo, o ouro se beneficiou do medo de uma disseminação acelerada e descontrolada do coronavírus, mas, “exceto por um impacto mais duradouro no crescimento chinês, que teria efeito indireto na economia global”, o banco não vê suporte para as cotações do metal.
 
Na ICE, bolsa de futuros de Londres, o barril do Brent para março recuou 1,1% na sexta-feira, para US$ 58,16. Com isso, no mês, a baixa ficou em torno de 12%. Em meados do mês passado, Norbert Rücker, líder da área economia e pesquisa do Julius Baer, escreveu que a geopolítica tende a ser uma força temporária nos mercados de petróleo, que tiveram um início de ano “tumultuado” depois das tensões entre Estados Unidos e Irã.
 
A ameaça de guerra, na esteira do conflito entre os países, alimentou temores quanto à oferta da commodity, empurrando brevemente os preços para mais de US$ 70 o barril. Ainda assim, o Julius Baer manteve a visão neutra sobre o petróleo. “Os custos econômicos de um choque no preço do petróleo são um elemento de alívio no meio das tensões. Mas a geopolítica continua sendo uma fonte de incerteza, sugerindo oscilações de preços mais ocasionais”, escreveu Rücker.
 
Além do surto de coronavírus, dados recentes que indicaram aumento dos estoques de óleo nos Estados Unidos contribuíram para a queda mais acentuada do petróleo no fim do mês.
 
No mercado de minério de ferro, a trajetória de valorização vista nas duas primeiras semanas do mês levaram a cotação no mercado transoceânico a superar os US$ 97 por tonelada. A alta foi alimentada pela demanda das usinas siderúrgicas chinesas, que reforçaram seus estoques para o feriado prolongado do Ano Novo chinês.
 
Mas a crescente preocupação com o alastramento do coronavírus pesou sobre os negócios nos dias anteriores ao feriado, e a commodity reduziu de pouco mais de 5% para 1,4% os ganhos acumulados em 2020. Antes do surto, Karsten Menke, chefe de pesquisa do Julius Baer, escreveu que a alta parecia exagerada e deveria se reverter, apesar dos riscos sazonais de fornecimento de curto prazo.
 
Olhando para a frente, segundo Menke, os dois setores que impulsionaram a demanda de aço na China, infraestrutura e mercado imobiliário, devem se enfraquecer e levar à queda nos preços dos produtos siderúrgicos. “Da mesma forma, acreditamos que a recente alta nos preços do minério de ferro não é sustentável, apesar de alguns riscos sazonais e climáticos de curto prazo”, escreveu.
 
Fonte: Valor




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