Ainda é cedo para prever fim da epidemia de coronavírus, diz OMS
13/02/2020

Reunião em Genebra discutiu prioridades de pesquisa para conter avanço da infecção

Ainda é “cedo demais” para prever o fim da nova epidemia de coronavírus, que já deixou mais de 1.100 mortos e 45 mil infectados na China e em cerca de 30 países, informou a OMS (Organização Mundial da Saúde) nesta quarta-feira (12).

“Acho que hoje é cedo demais para tentar prever o fim dessa epidemia”, disse Michael Ryan, chefe do departamento de emergência da OMS em Genebra.

O diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que o número de novos casos relatados na China se estabilizou durante a última semana, mas o dado deve ser interpretado com extrema cautela. “Essa epidemia pode ir em qualquer direção”, alertou.

A OMS realizou uma conferência na terça (11) e na quarta-feira (12) que reuniu centenas de especialistas em epidemiologia de todo o mundo, inclusive do Brasil, para revisar os meios de combater a doença, agora chamada de covid-19.

Entre as prioridades discutidas estão acelerar pesquisas para o desenvolvimento de remédios e vacinas capazes de conter o coronavírus e garantir o acesso a dados e novas tecnologias aos países mais necessitados.

Essas foram algumas das prioridades que saíram de reunião da OMS (Organização Mundial da Saúde) em Genebra, com especialistas em saúde de todo mundo, inclusive do Brasil, e que terminou nesta quarta (12).

Durante dois dias, foram discutidos o nível atual de conhecimento sobre a nova doença (covid-19), identificadas lacunas e as pesquisas necessárias para ajudar a interromper a atual epidemia e preparar-se para as futuras.

“Esse surto é um teste de solidariedade política, financeira e científica. Precisamos nos unir para combater um inimigo comum que não respeita fronteiras, garantir que tenhamos os recursos necessários para encerrar esse surto e trazer nossa melhor ciência para encontrar respostas compartilhadas para problemas comuns”, disse Tedros Ghebreyesus.

Para Yazdan Yazdanpanah, presidente da Colaboração em Pesquisa Global para a Preparação de Doenças Infecciosas, parceira da OMS, o acesso equitativo será fundamental. “Precisamos garantir que o compartilhamento de dados cheguem aos mais necessitados, em particular nos países de baixa e média renda.”

Há uma série de perguntas ainda sem respostas que foram discutidas na reunião, entre elas quais os melhores testes diagnóstico e manejo quando o paciente está doente, drogas e vacinas para se tratar, medidas eficazes para evitar transmissão, melhores equipamentos de proteção e quais restrições de movimento têm realmente impacto.

“Também se discutiu por que as pessoas não estão aderindo às normas da OMS, por que elas estão exagerando, fazendo coisas loucas”, disse à Folha a infectologista Anna Sara Levin, diretora da divisão de moléstias infecciosas do Hospital das Clínicas de São Paulo que participou da reunião.

Durante a reunião, foram analisadas as possibilidades de vacina e vantagens que se tem entre um ou outro tratamento (por exemplo, oxigênio em alto fluxo ou ventilação mecânica?). “Está todo mundo ainda inventando na beira do leito. Precisamos de pesquisas para mostrar quais são as melhores práticas”, disse Anna.

Segundo ela, outra deliberação do encontro será reunir todas as drogas que podem ter minimamente efeito na infecção do coronavírus (as que já existem e as que serão desenvolvidas a partir de agora) e testá-las em modelos animais.

“Nem isso está claro. Qual modelo animal podemos trabalhar para saber se as drogas funcionam? Ainda não sabemos. Precisamos de um animal que adoeça, que sirva de modelo e que, preferencialmente, seja fácil de ser manipulado.”

As discussões do encontro formarão a base de um roteiro de pesquisa e inovação, mapeando todos estudos necessários e prioritários para uma resposta adequada à epidemia de coronavírus.

 





Obrigado por comentar!
Erro!
Contato
+55 11 5561-6553
Av. Rouxinol, 84, cj. 92
Indianópolis - São Paulo/SP