Por meio de uma dose adicional de radiação, a Radioterapia Lattice promove novas perspectivas para controle de tumores considerados grandes e sem opções de tratamento
O diagnóstico precoce do câncer é um dos fatores mais importantes para um tratamento efetivo, já que os tumores em estágios avançados e considerados muito grandes continuam sendo ainda mais desafiadores para a oncologia, principalmente quando não é possível realizar uma cirurgia e a quimioterapia convencional tem resultados limitados. Para estes casos, há a Radioterapia Lattice, um tratamento inovador, oferecido com exclusividade na América Latina pelo A.C.Camargo Cancer Center, indicado para pacientes maiores de 18 anos, com tumores primários ou metastáticos e volumes superiores a 40 centímetros cúbicos (tamanho de uma ameixa, por exemplo) no pulmão, pâncreas, colo e corpo do útero, cérebro, sarcomas retroperitoneais e de extremidades, rim, melanoma e cabeça e pescoço.
Com uma resposta clínica melhor, a nova terapia consiste na aplicação de uma dose mais alta e adicional de radiação que reforça a já oferecida pela radioterapia convencional. Segundo o Dr. Antonio Cassio Assis Pellizzon, head da Radioterapia do A.C.Camargo Cancer Center, por meio dessa opção de tratamento, ao fazer o planejamento de um paciente com Radioterapia com Modulação da Intensidade do Feixe, IMRT da sigla em inglês, que é um sistema extremamente preciso, faz-se também um outro plano com dose mais alta e adicional. “Com essa técnica é possível realizar o planejamento de diversos ‘pequenos volumes’ no interior do tumor para delimitar as áreas onde serão aplicadas as doses mais altas de radiação, enquanto as outras partes receberão a dose convencional indicada. Lattice vem do inglês e significa ‘grade’ ou ‘treliça’. O tratamento tem esse nome porque o planejamento destes pontos forma uma imagem parecida à de uma grade”, explica o médico.
Ainda de acordo com o Dr. Cássio, o principal benefício oferecido pela Radioterapia Lattice é a ativação do sistema imunológico para combater o tumor. “Ao aplicar altas doses de radiação nos pontos criados, ocorre uma mudança no microambiente do tumor, que leva células do sistema imunológico a atacá-lo, inclusive nas zonas tumorais que receberam doses menores. Com o sistema de defesa ‘ativado’ contra o tumor, metástases ou células cancerígenas que estão circulando no sangue também podem ser atacadas pelo efeito imune produzido pelo lattice”, diz.
Mesmo com altas doses de radiação, o paciente submetido à Radioterapia Lattice não sofre efeitos colaterais diferentes dos já apresentados no tratamento convencional. “Não podemos aplicar uma dose alta de radiação no volume total de um tumor para não exceder o limite recomendado para cada órgão. Mas, ao criar os pontos específicos, não há aumento da toxicidade, os efeitos colaterais são os mesmos e um paciente que, até então, estava em tratamento paliativo pode até passar para o estágio de um paciente em tratamento curativo. Os ensaios clínicos em fase inicial mostraram sucesso notável, com algumas taxas de resposta maiores que 90% e toxicidade mínima”, completa o Dr. Cassio.