A história da Hypera Pharma, que até fevereiro de 2018 se chamava Hypermarcas, é marcada pela expansão via aquisições. Com a meta de transformar seu negócio, que nasceu de uma distribuidora de sal fundada pelo pai, na “Unilever brasileira”, o empresário João Alves de Queiroz Filho, o Júnior, fechou quase três dezenas de aquisições até 2010, quando a receita líquida do grupo superou R$ 3 bilhões.
Júnior também se desfez de uma série de ativos ao longo do tempo, incluindo a Arisco, até chegar no que é hoje a Hypera, 100% dedicada a saúde e cuidados pessoais. De uma das maiores companhias nacionais de bens de consumo nos anos 2000, seu empreendimento caminhou para se consolidar como a maior farmacêutica do país.
Mas a história do empresário, também é acionista do UOL, não é marcada apenas por lances ousados e lucrativos nos negócios. Há duas semanas, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou Júnior e três ex-executivos da Hypera por suspeita de participação em um esquema de pagamento de propina para favorecer interesses da empresa no Senado. Um dos denunciados, o ex-diretor de relações institucionais Nelson José de Mello, firmou acordo de delação premiada dentro da Operação Lava-Jato, que foi rescindido em 2019.
Um dos homens de confiança de Júnior, Mello renunciou ao cargo em 2016, após admitir que realizou pagamentos indevidos, à revelia da companhia. A Hypera informou à época que o ex-executivo a ressarciu em R$ 26,7 milhões. Um comitê independente constituído em 2018 pela Hypera investiga os fatos internamente. Naquele ano, o então presidente da farmacêutica, Claudio Bergamo, e o próprio Júnior, que era presidente do conselho de administração, pediram afastamento dos cargos até que as apurações fossem concluídas.
Formalmente, a antiga Hypermarcas nasceu no fim de 2001 e a década seguinte foi marcada por uma série de aquisições - somente em 2010, foram nove: Sapeka, Sanifil, Luper, York, Bitufo, Pom Pom Sabonetes, Mantecorp, Mabesa e marcas da Medley.
A estreia no setor farmacêutico foi em 2007, com a compra da DM Indústria Farmacêutica. O portfólio na área ganhou musculatura entre 2008 e 2011 com aquisições de Farmasa, Neo Química e Mantecorp. Em 2012, uniu forças com Aché, EMS e União Química na Bionovis, voltada à fabricação de medicamentos biológicos.
O fortalecimento da operação farmacêutica foi acompanhado pela revisão da estratégia da empresa, que saiu de outras áreas. Em 2015, acertou a venda da operação de cosméticos para a Coty por R$ 3,8 bilhões. No ano seguinte, a Reckitt Benckiser Brasil comprou o negócio de preservativos por R$ 675 milhões. Em 2017, concluiu a venda da área de fraldas descartáveis à Ontex por R$ 1 bilhão.
Os desinvestimentos proporcionaram à companhia uma confortável posição de liquidez. Conforme o último dado disponível, a Hypera tinha caixa líquido de R$ 840 milhões em setembro.
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