Insper desenvolve proteção facial para uso em UTI
28/04/2020
Instituição de ensino e escola de negócios, o Insper finalizou na semana passada um protótipo de proteção facial (face shield) para profissionais que atuam exclusivamente dentro das UTIs. O molde da ‘face shield’ foi produzido em impressora 3D e com materiais que garantem a reutilização após lavagem, esterilização e higienização. O Insper irá distribuir, gratuitamente, até 22 mil unidades entre abril e maio a hospitais brasileiros.
 
“A face shield mais disponível para entrega atende 80% dos ambientes hospitalares, mas a UTI exige uma proteção extra para as pessoas que estão mais expostas ao covid-19 no tratamento dos pacientes”, diz Daniel Krás, gestor de projetos do laboratório de prototipagem digital do Insper Fab Lab.
 
A fabricação foi feita de forma colaborativa, a partir de reuniões com fornecedores brasileiros e profissionais do Hospital das Clínicas, do Hospital Universitário, Sírio Libanês, Einstein (Vila Santa Catarina) e do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito). Desde o dia 23 de março, portaria da Anvisa autoriza que os equipamentos de proteção individuais (EPIs) possam ser comercializados desde que sigam normas técnicas e sejam validados por profissionais da saúde. “Nós chegamos a um modelo com polímero (PEAD) diferente daquele que é tradicionalmente usado na impressão 3D e conseguimos eliminar a estrutura de apoio inferior e a própria tiara”.
 
O molde e os procedimentos de produção também serão disponibilizados a outras empresas interessadas na fabricação. Segundo Krás, a construção do protótipo foi feita de forma remota, com “apenas um ou dois” técnicos presentes, fisicamente, nos laboratórios do Insper. “Foi um aprendizado para nós também sobre como colaborar e prototipar em reuniões virtuais”.
 
Esse é um dos aspectos da transformação digital pela qual passa a instituição, que também precisou aprender a ensinar on-line para seguir com os curso de graduação aos programas de educação executiva, segundo Guilherme Martins.
O coordenador do curso de administração cita que a pandemia também tem levado a instituição a colocar em práticas projetos na área de responsabilidade social de uma “forma mais ampla”. Um deles está ajudando a conectar pequenos agricultores que não têm conseguido escoar a produção, a restaurantes e escolas, com moradores de favelas em São Paulo que têm sofrido com a falta de alimentos por conta da queda na renda e do isolamento social. No dia 5 de abril, dois caminhões com cestas de alimentos - com 10 kg cada, incluindo ovos, batata doce e bananas - desembarcaram em Paraisópolis, favela de São Paulo, para serem vendidas “a preços baixíssimos” ou, em casos extremos, doadas. “Os moradores nos disseram que, em tempos de crise, esses são os três alimentos mais consumidos. A bandeja de ovos, por substituir a carne. A batata e a banana por satisfazerem como alimento”, diz o professor responsável pelo projeto, Lars Sanches.
 
O responsável por receber as cestas de alimentos foi Genilson Santos Freitas, morador há 25 anos da favela paulistana e que é dono de um pequeno comércio. “Não divulguei como se fosse uma doação, para não gerar aglomeração e segui o plano estruturado com o professor: vender por um valor simbólico para gerar interesse. Quem dizia que não podia pagar, e eu sabia que não podia mesmo, doei”, afirma Genilson, que também contratou ajudantes para levar os alimentos de moto a locais mais distantes da favela. A maior parte das cestas montadas foi vendida ao preço estabelecido de R$ 12 (e não R$ 22, como sairia) e cerca de 500 famílias foram beneficiadas. Do lado dos produtores, a maioria deles localizada em Piedade, interior de SP e que são intermediados pela empresa Frexco, o preço pago pelos produtos não sofreu descontos, segundo o professor Sanches. “Nós criamos, em parceria com os alunos da minha turma de administração, uma plataforma de financiamento colaborativo para pagar integralmente os agricultores”. A plataforma está aberta a doações e irá ajudar a financiar novas cestas. Na segunda quinzena de abril, 27.000 quilos de alimentos foram entregues para três comunidades (Heliópolis, Jardim Colombo e Cidade Tiradentes) e as pessoas sem teto do centro de SP. Nesta entrega específica, o projeto ganhou financiamento do Instituto BEI, ligado a Marisa Moreira Salles e incluiu entrega de alface, couve e acelga.
 
O Insper pretende seguir o projeto no pós-crise, atuando primordialmente na conexão entre quem precisa de alimento e quem não tem para quem vender e capacitando os dois elos dessa cadeia. O morador de Paraisópolis Genilson diz que a experiência o ajudou a descobrir como é possível agregar valor a um serviço de venda -acertando a precificação e vendendo por menos, mas em maior escala - e a levar seus alimentos para “muito além do balcão de sua banca”
 
Fonte: Valor




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