Hora do paciente empoderado na Dasa
04/06/2020

As empresas de saúde brasileiras enfrentam há tempos o desafio do aumento de custos no setor, e a pandemia do novo coronavírus vai acelerar as mudanças necessárias para modificar esse quadro. Essa é a visão de Carlos de Barros, presidente da Dasa, maior empresa de medicina diagnóstica da América Latina, com faturamento de 4,7 bilhões de reais em 2019. Uma dessas mudanças é o maior uso da tecnologia. Desde 2017, a Dasa vinha implementando uma cultura de agilidade e ampliando os investimentos em soluções digitais com uso de dados.

Quando a covid-19 chegou com força ao país, foi a hora de acelerar projetos. No ano passado, a família Bueno, que controla a Dasa, anunciou a fusão da empresa com a rede de hospitais Ímpar, também controlada pelos Bueno. O grupo possui ainda a GSC, uma empresa de gestão de saúde e atendimento domiciliar. Formado em engenharia pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, Barros, de 38 anos, foi vice-presidente financeiro da Dasa de 2015 a 2018.

No ano passado assumiu como presidente no lugar de Pedro Bueno, que agora comanda o grupo com as três companhias. Barros diz acreditar que, passada a crise, o Brasil terá empresas de saúde mais focadas no bem-estar do paciente e menos avessas às possibilidades que a tecnologia oferece para ajudar no processo.

Qual era o momento da Dasa antes do início da pandemia?
Os dois meses anteriores à chegada da pandemia ao Brasil tinham sido muito bons. Tivemos recorde de atendimentos, de crescimento, era um momento bom na Dasa e no ecossistema como um todo. Fizemos a fusão da Dasa com a Ímpar e estávamos fazendo essa integração, trazendo mais transformação digital. Era um momento de otimismo e, financeiramente, as empresas do setor estavam muito saudáveis. E aí vimos o cenário mudar. Começamos a acompanhar a evolução do vírus. A partir do Ano Novo chinês, em janeiro, as luzes se acenderam para nós. Em fevereiro, vimos que isso seria uma crise.

 

As receitas de laboratórios e hospitais estão caindo na pandemia. Qual o impacto para a Dasa?
A prioridade agora não é o resultado financeiro de curto prazo, estamos com liquidez confortável. Quando vimos que esta seria uma crise séria, iniciamos conversas com bancos e captamos mais de 1 bilhão de reais a taxas pré-crise. Essa captação nos deu tranquilidade. A prioridade tem de ser fazer exames. A gente teve queda de 70% em mamografias e exames de próstata.

Também temos visto que o percentual dos diagnósticos mais avançados aumentou. Ou seja, temos menos exames sendo feitos e, nos que são realizados, a doença aparece mais avançada. Isso é triste porque são vidas que podem ter o tratamento postergado por causa do medo de fazer o exame. Por isso criamos unidades especializadas em cardiologia, oncologia, seguindo protocolos rigorosos de higiene, para as pessoas se sentirem seguras e continua­rem fazendo os diagnósticos.

Até agora o país não conseguiu fazer a testagem em massa para covid. Por quê?
Esta é uma crise diferente de todas as outras que já vivenciamos. Ela é mundial e afeta toda a cadeia de suprimentos. Nos últimos meses, houve uma corrida global por insumos que são produzidos na Europa, nos Estados Unidos e na China. Em alguns momentos, a China parou de exportar testes porque havia a necessidade lá de testagem em massa. Por isso, tivemos e ainda estamos tendo dificuldade por aqui. Também não é fácil escalar a produção de exames da noite para o dia. Agora o abastecimento de insumos melhorou bastante. Em breve, o Brasil vai conseguir testar em massa. Na Dasa, já fizemos 250.000 exames para covid-19.

Como a empresa se organizou para esta crise?
Temos 25.000 pessoas na Dasa, sem contar Ímpar e GSC. E claro que houve a preocupação de cuidar das nossas pessoas. Em segundo lugar, existe a responsabilidade da empresa. Se ela parar, a saúde do Brasil para também. Fazemos mais de 250 milhões de exames por ano, atuamos tanto no setor privado quanto no público. Colocamos colaboradores em home office e ficamos só com 40% das unidades abertas no início da crise. Agora já começamos a reabrir as unidades, com 70% delas operando. Vamos entrar numa fase de pensar como será o futuro.

E como imagina que será o futuro da medicina diagnóstica após a pandemia?
Aceleramos muito várias das nossas teses de transformação digital. Falamos bastante no digital first, mas agora há também o home first, com as pessoas querendo fazer as coisas em casa. Estamos ampliando muito a coleta domiciliar e a teleconsulta. Estamos lançando novos serviços de monitoramento à distância para evitar que o paciente se interne no hospital. Estamos imaginando um futuro muito mais digital, onde o paciente esteja mais empoderado e as empresas estejam mais focadas na saúde. Tudo isso foi acelerado.

Fonte: Exame




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