Dados: A lacuna que precisamos preencher imediatamente
15/06/2020

De acordo com Bernardo Mariano Jr, CIO e diretor de saúde digital e inovação da Organização Mundial da Saúde, um dos maiores desafios que a comunidade de saúde enfrentará na era pós-Covid, será melhorar o tratamento de dados para fornecer melhor conectividade entre os sistemas de saúde que ainda hoje permanecem fragmentados e desarticulados.

Mariano disse que a pandemia abriu três frentes de batalha para o futuro da saúde: segurança em saúde pública, desenvolvimento rápido de soluções digitais e segurança cibernética, e que os dados são a base para uma resposta rápida a futuras crises e aprendizados compartilhados.

Para isso, além da já difícil integração de dados dentro de uma mesma instituição, os dados devem ser interoperáveis no sistema, uma conexão entre provedores, prestadores, indústria e governo. Ou seja, deixar o modelo atual de dados em silos, e encontrar novas maneiras de compartilhamento, os quais garantam ganhos de fato significativos ao sistema.

No contexto atual, idealmente, um paciente internado com diagnóstico de Covid-19, depois de recuperado e ter alta do hospital, deve ser instruído a fazer outro exame de imagem e agendar uma consulta com o seu médico. Se o hospital, o laboratório de imagens e o prestador ambulatorial estivessem conectados, todo histórico sobre a estadia no cuidado terciário, medicamentos e exames prévios, estariam disponíveis nessa nova etapa de cuidado. E ainda, se o pagador estivesse integrado, poderia executar certos programas de acompanhamento e alimentar estratificação para cada vez mais um cuidado personalizado e efetivo, focado no paciente. A interoperabilidade melhora a qualidade assistencial e reduz custos, mas sabemos que não é essa a realidade.

Em muitas empresas, a maioria dos dados não está dentro dos padrões de qualidade básicos para executar ferramentas de analytics e inteligência artificial. Parte delas apostam em começar uma nova base, estruturada e pensada do início ao fim, do que tentar consertar o resultado das integrações.

Na busca pela normalização dos dados afim de torná-los acionáveis, uma nova habilidade entra no mundo do big data: o storytelling. Os especialistas descrevem como a capacidade de transformar dashboards em narrativas compreensíveis para que os gestores consigam tornar grandes massas de informação em decisões inteligentes. Isso vale para qualquer indústria, mas é especialmente válido para a saúde, onde busca-se gerar valor a partir de dados clínicos e transacionais combinados, ser uma área cada vez mais inundada por novas fontes, tornando a avaliação de um usuário complexa.

Na transformação, serão necessários ajustes nos processos, como revisar a forma como acontece a comunicação com o cliente e em quais pontos de contato se solicita e se devolvem dados para um maior engajamento, trabalhar a conexão contínua entre as partes interessadas e o gerenciamento de silos. Sem isso, o conceito de uso de dados de forma significativa é reduzido a uma série de melhorias incrementais, importantes e úteis, mas sem a finalidade de um ambiente digital com foco total no usuário.

Para citar, o artigo da Harvard Business Review considera, “A tecnologia é o motor da transformação digital, os dados são o combustível, o processo é o sistema de orientação e a capacidade de mudança organizacional é o trem de pouso. Você precisa de todos eles, e eles devem funcionar bem juntos.”





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