Na saúde, SulAmérica aposta em modelo de ‘verticalização virtual’
15/06/2020

Com a aquisição da operadora de planos de saúde Paraná Clínicas, dona de sete centros clínicos e um hospital-dia em Curitiba, a seguradora SulAmérica reforça seu foco no setor de saúde, mas seu objetivo não é enveredar para o segmento de operadoras verticalizadas, que possuem rede própria - considerado o mais rentável pelo mercado por conseguir gerenciar os custos. “Não vamos investir em expansão de rede própria. Nós já temos uma verticalização virtual”, diz Gabriel Portella, presidente da SulAmérica, que está capitalizada com a venda do negócio de seguros de automóveis por R$ 3 bilhões para a Allianz no ano passado.

Portella afirma ainda não acreditar na viabilidade de uma operadora verticalizada com presença nacional e que seu interesse na aquisição foi fortalecer a presença no Sul do país. Sua prioridade em Curitiba é manter os acordos comerciais com a rede credenciada na região. Entre eles, estão o Hospital Santa Cruz, que era o proprietário da operadora Paraná Clínicas. Os dois ativos foram adquiridos pela Rede D’Or no fim do ano passado e, há dez dias, a operadora foi revendida à SulAmérica por R$ 385 milhões.

 

Uma das possibilidades em estudo, a partir da aquisição, é o segurado da SulAmérica poder usar as clínicas e o hospital-dia da operadora de Curitiba, que tem um tíquete médio inferior.

Para Portella, a SulAmérica tem verticalização virtual porque consegue acompanhar a saúde de seus usuários por meio de parcerias com médicos da rede credenciada, cuja remuneração é baseada em performance; oferece atendimento domiciliar de pediatria e geriatria (o que ajuda a reduzir a procura por pronto-socorro, que custa mais aos planos); além de entregar medicamentos para quimioterapia na casa dos usuários. A descontinuidade de um tratamento oncológico pode levar a um agravamento do quadro do paciente. Hoje, 5,4 mil segurados são atendidos por esse serviço oncológico.

A companhia também desenvolveu novos modelos de seguro de saúde, em que os hospitais credenciados são exclusivamente da Rede D’Or para usuários do Rio. Em São Paulo, a rede credenciada é formada pelas unidades do Dr. Consulta e Hospital Alemão Oswaldo Cruz. A iniciativa veio como resposta à expansão das operadoras verticalizadas - segmento que tem Hapvida e Notredame Intermédica como maiores representantes. No Rio, a parceria com a Rede D’Or é decorrência ainda do rompimento parcial da rival Amil com o grupo hospitalar.

Outro exemplo citado pelo executivo são os consultórios médicos geridos pela seguradora em 15 empresas clientes. Por praticidade, os funcionários dessas empresas buscam as unidades internas antes de irem ao pronto-socorro.

A seguradora também oferece teleconsulta, serviço que cresceu com a pandemia. Em fevereiro, eram feitos 500 atendimentos virtuais por mês. Agora são 15 mil.

Essa estratégia que a companhia batizou de cuidado coordenado começou em 2013 e ganhou força na seguradora a partir de 2015, quando a inflação médica e os reajustes dos planos de saúde passaram a ser questionados de forma mais incisiva. Cerca de 500 mil segurados já foram acompanhados por uma dessas ações, o que representa um quarto do total da carteira da SulAmérica, de 2,1 milhões de pessoas. “Quando analisamos uma situação crítica, indicamos especialistas, mas ele pode continuar indo no seu médico de preferência”, disse o executivo.

Questionado se a taxa de sinistralidade dos segurados acompanhados é menor, Portella disse que esse indicador não é analisado e que na verdade seus executivos são proibidos de se basear por esse indicador que mensura os gastos médicos. No primeiro trimestre, a sinistralidade da SulAmérica ficou em 82,5%, alta de três pontos percentuais sobre um ano antes, devido, segundo a empresa, ao maior volume de pagamentos e ao fato do Carnaval ter caído em fevereiro. Em 2019, como o feriado caiu em março, procedimentos foram adiados para o segundo trimestre.

Para efeitos de comparação, na operadora verticalizada NotreDame Intermédica, com forte atuação em São Paulo como a SulAmérica, a sinistralidade ficou em 72%.

Fonte: Valor




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