Num cenário de retomada das atividades, foi iniciada, ontem, a segunda fase de uma pesquisa cujo objetivo é detectar a incidência de moradores da cidade de São Paulo já contaminados pelo novo coronavírus. Profissionais do Fleury e Ibope vão aplicar cerca de 5 mil exames de sorologia para diagnóstico da covid-19 em seis regiões da capital paulista.
Na primeira etapa do programa, realizado no mês passado, foram testados cerca de 500 moradores dos bairros do Morumbi, Bela Vista, Jardim Paulista, Pari, Belém e Água Rasa que, na época, apresentavam altos índices de casos e mortalidade. Foi constatado que 5,1% deles já haviam sido infectados.
Agora, serão realizados exames com moradores de três regiões populares e outras três com renda mais alta, além de alguns bairros pesquisados anteriormente. “Queremos conhecer melhor como está a progressão da doença”, disse Carlos Marinelli, presidente do Fleury, que irá processar os exames. O programa de testagem, que também tem apoio do Instituto Semeia e Todos pela Saúde, será realizado por seis meses e a cada 1 mil exames processados os resultados serão divulgados.
Celso Granato, médico infectologista e diretor clínico do Fleury, pontua que a cidade de São Paulo é muito heterogênea e o vírus também age de forma bastante distinta entre as pessoas. “Agora, com a flexibilização, mais do que nunca, precisamos ver número de casos novos, mortes. Até para poder chegar na semana que vem e dizer se abrimos muito”, disse.
As informações sobre a curva de casos também estão sendo usadas para o trabalho de consultoria que o Fleury está fazendo às empresas que estão reabrindo as portas. A companhia fechou contrato com mais de 30 empresas que juntas têm 130 mil vidas (funcionários e seus respectivos dependentes, sendo que em média 10% estão imunizados.
O infectologista está otimista em relação à vacina para covid-19 e acredita que ela estará disponível no fim deste ano ou no máximo em 2021. “Essa vacina não está tão longe como a gente temia que estivesse”, disse. Granato lembra que a Escola Paulista de Medicina vai testar 2 mil pessoas de São Paulo com a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, na Inglaterra.
Esta terceira fase dos testes, é a última etapa antes do lançamento, e o Fleury é quem está selecionando esses voluntários no Brasil. “Não é só ter a vacina, que já temos, o que estamos é garantindo a segurança e a eficácia numa escala muito maior”, aponta. “Também precisamos ter uma infraestrutura preparada porque serão necessárias 1 bilhão de doses, pelo menos. Não é um esforço simples, vamos precisar também ter uma malha de distribuição e aplicação”, disse Granato. “Seguramente o Fleury também vai oferecer essa vacina”.