Uma estrutura em 3D de um anticorpo neutralizador do novo coronavírus pode ajudar no desenvolvimento de uma vacina. Segundo o estudo, que foi publicado na revista científica Science, a proteína das espículas da covid-19 é o principal antígeno (substância estranha ao organismo que desencadeia a produção de anticorpos) da doença. Para os pesquisadores, entender como isso funciona é o principal passo para encontrar uma prevenção.
Os pesquisadores analisaram 294 anticorpos do SARS-CoV-2 e descobriram que o IGHV3-53 é o gene mais frequente para enfrentar o receptor da espícula.
O IGHV3-53, segundo os cientistas, mostram “maturação de afinidade mínima e alta potência”, o que, para eles, é promissor para a criação de uma vacina. Isso significa que o anticorpo não precisa de um nível alto de maturação para ser utilizado e pode resultar em uma resposta mais eficiente contra o vírus.
Em publicação em seu perfil no Twitter, o doutor em microbiologia pela USP e divulgador científico, Atila Iamarino, afirmou que, com isso “acharam o alvo certo, viram que ele é acessível e que tem boas chances do sistema imune atacar — isso aumenta as chances e as ideias de estratégias pra vacina”. Se a vacina for feita com base em anticorpos, é claro.
O último relatório disponibilizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que 23 vacinas estão em fase clínica de testes e outras 140 estão passando por avaliações pré-clínicas. Dessas 163, apenas duas estão na fase 3 de testes: a da AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford e a chinesa Sinovac, ambas testadas também no Brasil.