As faces da telessaúde
13/08/2020

Com a chegada da Covid-19, o Brasil precisou correr uma maratona para tirar a telemedicina do papel e transformar o modelo de atendimento à distância em uma alternativa poderosa no auxílio do combate à pandemia. Há anos, atuo no setor de saúde estimulando minha equipe e o vários médicos e outros players do setor a identificarem o quanto o atendimento em saúde realizado de forma virtual tem valor e contribui nos protocolos tradicionais de atendimento e monitoramento. E sua importância – principalmente num país de dimensões continentais como o nosso e com tanta desigualdade social e dificuldade de acesso. Me lembro, que até pouco tempo, muitas dessas pessoas torciam o nariz quando o assunto era atendimento remoto. E, por mais que o formato fosse utilizado em países de primeiro mundo há muito tempo, o Brasil ainda acreditava que a maneira tradicional era a única opção eficaz no cuidado à saúde.

Com a pandemia essa visão começou a se mudar e, desde então, vimos o tema repercutir e ganhar espaço exponencialmente. Finalmente, parece que todos os participantes desse gigantesco mercado da saúde passaram a valorizar o “tele” acreditando que o atendimento virtual não vem para provocar uma disputa, mas sim, vem para agregar. Proponho aprofundar o assunto e discutirmos todas as possibilidades que a telessaúde pode oferecer quando tudo isso passar. Sim, você leu certo. Vamos falar sobre telessaúde, porque, ao contrário do que muita gente acredita, o serviço à distância na saúde não se resume apenas no atendimento médico. Existem diversas facetas que podem e devem ser exploradas.

É possível desenvolver uma série de ações de cunho preventivo e agregadoras que facilitam a vida da equipe de saúde e de seus pacientes. As futuras mães, por exemplo, possuem naturalmente uma série de dúvidas e receios durante a gestação e os primeiros meses de vida do bebê. É claro que o exercício da maternidade é complexo e, durante uma pandemia, as incertezas se multiplicam, seja por uma situação de emergência, vacinação ou até mesmo um simples agendamento de consulta. Manter a família em segurança, no conforto do lar, é uma prioridade na pandemia, e deveria ser fora desse contexto, também. A telessaúde é um facilitador em efeito dominó que não pode mais ser ignorado.

Hoje, psicólogos, educadores físicos e nutricionistas já realizam atendimentos virtuais. E protocolos multidisciplinares para acompanhamento de gestantes e pais de bebês já existem. E através da tele enfermagem, tele psicologia e tele nutrição, por exemplo, é possível compartilhar conhecimento de qualidade e com segurança com esse público tão especial. No ‘’novo normal’’ os benefícios serão, com toda certeza, ainda mais reconhecidos tanto pela população, quanto pelos profissionais da área. Teremos um aumento no desenvolvimento de novas tecnologias e, claro, apoio das instituições que formam os profissionais do futuro. Na TopMed, empresa na qual atuo como diretora há 12 anos, realizamos atualizações periódicas de protocolos e procedimentos, e treinamento constante das equipes de atendimento. Nossos profissionais sabem que o tele atendimento derruba barreiras, e que, para isso, é necessário treinamento e desenvolvimento constantes. Pois nosso país exige que as diferentes realidades culturais e incidência de doenças ou situações de risco em diferentes regiões geográficas sejam dominadas por todos. Com a saúde digital, é possível que um morador de uma localidade remota do país e com enorme dificuldade de acesso, possa se consultar com profissionais de qualidade.

Num futuro muito próximo, tenho convicção de que mais médicos, enfermeiros e outros profissionais da saúde estarão mais familiarizados com o modelo. E, consequentemente, iremos ajudar nossos pacientes a se familiarizarem também. Se houve algum legado positivo dessa pandemia, foi  a aceleração  da digitalização da saúde. A telessaúde ajuda a preservar o que temos de mais precioso: qualidade de vida. É um trabalho em equipe e apenas quem compreender isso efetivamente irá cruzar a linha da medicina moderna.

Sobre Dra. Renata Zobaran: 

Médica formada pela UFCMPA em 1993, com residência em gastroenterologia, mestrado em hepatologia e pós graduada em Telemedicina pela USP. Com a carreira voltada para gestão e inovação em saúde, atuou entre 2002 e 2007 na saúde suplementar, desde 2008 como Diretora de Saúde da Topmed, responsável pela gestão técnica e pesquisa e desenvolvimento de novos produtos especialmente na área de telessaúde.





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