Preço de medicamentos hospitalares cresce 16,44% na pandemia
25/08/2020

Desenvolvido pela FIPE, com os dados da Bionexo, o IPM-H reflete a dinâmica de preços de medicamentos comercializados no Brasil

O preço dos medicamentos vendidos aos hospitais do país subiu 16,44% entre março e julho deste ano, segundo o Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais (IPM-H), indicador inédito criado pela Fipe, em parceria com a Bionexo – health tech líder em soluções digitais para gestão em saúde. A alta foi impulsionada por três grupos de medicamentos utilizados no tratamento de pacientes com Covid-19; para suporte ao aparelho cardiovascular (+92,6%), sistema nervoso (+66,0%) e aparelho digestivo e metabolismo (+50,4%).

Conjuntamente, esses três grupos respondem por 15,7% do peso para cálculo final do IPM-H e contemplam medicamentos empregados nos cuidados aos pacientes acometidos pela Covid-19, tais como analgesia, anestesia, suporte ventilatório e suporte vital. Outros medicamentos que apresentaram aumento expressivo foram os preparados hormonais sistêmicos (+21,8%) e sistema musculoesquelético (+18,2%), também utilizados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI).

“Entre os fatores que contribuíram para o aumento dos preços observado pode-se destacar dois. O primeiro deles, que tem impacto abrangente, foi a desvalorização cambial que afeta o preço de medicamentos e insumos cujos mercados estão atrelados à moeda estrangeira. O segundo aspecto, mais específico, foi o aumento brusco da demanda das unidades de saúde (tanto por necessidade de uso como para formação de estoques) por medicamentos associados aos cuidados dispensados aos pacientes da COVID-19, principalmente aqueles em estado mais grave”, explica Bruno Oliva, coordenador de pesquisas da FIPE.

Para Rafael Barbosa, CEO da Bionexo, empresas e instituições precisam auxiliar no que puderem para a elevação do nível de transparência e eficiência no setor. Por isso, a partir de agora, o mercado de saúde passa a contar mensalmente com o IPM-H que poderá ser utilizado pelos agentes públicos e privados para monitorar o mercado e melhor embasar a tomada de decisões, a exemplo de outros indicadores da economia como o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA/IBGE), o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M/FGV), e o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-Fipe).

“O objetivo do índice é gerar informações de qualidade para o setor de saúde, promovendo maior transparência e previsibilidade para o mercado. Vínhamos trabalhando no desenvolvimento do índice há mais de dois anos, mas a pandemia demonstrou a urgência desse indicador. Nos últimos meses, hospitais e fornecedores estavam às cegas, sem ter noção dos impactos da crise na variação de preços, para que pudessem planejar seus orçamentos e conduzir as negociações. Isso deixou o mercado como um todo extremamente fragilizado e vulnerável. Não podíamos mais esperar para oferecer esse suporte ao mercado”, destaca Barbosa.

Desaceleração em julho

Em julho, o IPM-H registrou um avanço de 1,74%, resultado que representa uma desaceleração em relação à variação observada no mês anterior (+4,58%). No acumulado do ano até julho, o índice registra alta de 18,72%, enquanto nos últimos 12 meses, a variação do preço médio de medicamentos aos hospitais medida pelo IPM-H aponta uma elevação de 19,83%.

“Em sintonia com o que esperávamos, os últimos resultados indicam que a alta nos preços de medicamentos adquiridos por hospitais ao longo dos últimos 12 meses se concentrou em 2020 e, em particular, a partir de fevereiro, com o avanço da Covid-19. Essa dinâmica nos preços expressa a magnitude do impacto gerado nos primeiros meses da pandemia sobre a oferta e demanda de medicamentos no mercado, bem como sobre o nível de abastecimento das unidades do sistema de saúde do país”, diz Oliva.


Segundo o pesquisador, entre os motivos que podem ter contribuído para a desaceleração no último mês incluem: a estabilização da taxa de câmbio (face à escalada observada nos meses anteriores), a reestruturação, ainda que gradual, das condições de mercado, principalmente com relação à queda dos casos nos grandes centros urbanos do país (e do mundo), além da readequação, ainda que parcial, das condições de oferta após o choque inicial.

Sobre o IPM-H

O Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais (IPM-H) é uma parceria entre a Fipe e a Bionexo, com o objetivo de disponibilizar informações inéditas e de interesse público relacionadas à área de saúde, com foco no comportamento de preços de medicamentos transacionados entre fornecedores e hospitais no mercado brasileiro. O IPM-H é elaborado com base nos dados de transações realizadas desde janeiro de 2015 através da plataforma Bionexo, por onde são transacionados mais de R? 12 bilhões de negócios no mercado da saúde por ano, o que representa cerca de 20% de tudo que é transacionado no mercado privado nacional. A health tech conecta mais de duas mil instituições de saúde a 20 mil fornecedores de medicamentos e suprimentos hospitalares.

A cada mês e para cada grupo de medicamentos, a FIPE calcula o índice de variação do seu preço em relação ao mês de referência, levando em consideração algumas variáveis que podem ser relevantes para determinar o preço das negociações, incluindo: (i) quantidade de produtos transacionada; (ii) distância geográfica entre hospitais e fornecedores. Os medicamentos são agrupados em 13 grupos terapêuticos (classificação da ATC*) e ponderados de acordo com uma cesta de valor total transacionado na plataforma Bionexo no ano anterior. O IPM-H consolida o comportamento dos índices dos preços de cada grupo terapêutico, também ponderados pelo valor transacionado do grupo na plataforma.

Embora possam estar correlacionados, o comportamento do IPM-H não mensura o comportamento dos preços de medicamentos em farmácias, isto é, nos preços ao consumidor final (segmento varejo). Além disso, o IPM-H não é uma medida de variação dos custos dos hospitais e/ou planos de saúde, que envolvem também gastos com equipamentos, procedimentos, materiais recursos humanos, protocolos de tratamento/atendimento e segundo frequência de uso.





Obrigado por comentar!
Erro!
Contato
+55 11 5561-6553
Av. Rouxinol, 84, cj. 92
Indianópolis - São Paulo/SP