SulAmérica pode virar empresa de seguro saúde
03/07/2019
A proposta de compra da carteira de veículos e ramos elementares feita pela Allianz colocou a SulAmérica em uma encruzilhada. A operação pode significar uma das maiores - senão a maior - guinadas da história da centenária seguradora brasileira.

Vender sua divisão auto à concorrente alemã significaria, na prática, para a SulAmérica a opção de se tornar uma empresa de seguro saúde. "De fato, o que a empresa tem na mão hoje com essa oferta são duas possibilidades: focar no segmento que tem toda a expertise, sendo a segunda maior do mercado depois do Bradesco Saúde, ou decidir seguir nesse foco de diversificação", afirma o analista da XP Investimentos, André Martins.

Segundo fonte a par das negociações, a conversa ente Allianz e SulAmérica acontece há um ano e a seguradora brasileira realmente quer se concentrar em saúde e odonto. Tanto que tentou vender o segmento de vida para a Icatu. Conforme essa fonte, há uma exclusividade nas negociações entre a seguradora alemã e a SulAmérica, que deve durar por, ao menos, dois meses.

A maior seguradora independente do Brasil, porém, nunca expressou claramente a estratégia de se concentrar apenas em sua área mais rentável, que no primeiro trimestre de 2019 representou 80% dos prêmios ante 16,2% do segmento auto, o segundo maior do grupo. A companhia, no entanto, tem acelerado o desinvestimento de braços menos lucrativos.

"Após anunciar duas transações em menos de dois meses, a companhia parece perto de anunciar mais um", ressalta o analista dio BTG Pactual, Eduardo Rosman. "Tanto quanto podemos depreender, a SulAmérica tem se desfeito de unidades sem vantagens competitivas ou de escala." A seguradora vendeu a participação na Caixa Capitalização e sua própria área de capitalização para a Icatu. Segundo o BTG, a SulAmérica estuda se desfazer dos negócios de vida e previdência.

Se a Allianz comprar a operação de veículos, o segmento de saúde e odonto vai responder por 97% dos prêmios emitidos e 95% do lucro líquido da companhia brasileira, calcula o UBS. Essa nova SulAmérica alcançaria, de acordo com o banco suíço, um retorno sobre patrimônio líquido (ROE) de 20% em 2020 ante 17% esperados na configuração atual para 2019 a 2023.

No comunicado ao mercado sobre a oferta da Allianz, a SulAmérica confirma estar em discussões bilaterais com a seguradora alemã. Segundo a brasileira, "não existe, até o momento, qualquer definição, conclusão ou acordo vinculante relacionado a tais oportunidades, as quais, se e quando vierem a se concretizar, serão devidamente divulgadas ao mercado". Os termos financeiros não foram revelados.

A XP calcula que a transação pode ultrapassar os R$ 3 bilhões. "Em um exercício simples, considerando que [a carteira] Auto+P&C poderia variar de 20% a 25% do lucro líquido de 2019 e usando o [múltiplo preço por lucro] P/L de 12 vezes da Porto Seguro [focada em auto] como uma aproximação, o valor da transação poderia ser de R$ 2,6 bilhões a R$ 3,2 bilhões, de 16% a 20% do valor da empresa, embora a Allianz possa pagar um múltiplo mais alto", aponta Martins.

A venda da carteira da SulAmérica também seria vantajosa para a Allianz, que se tornaria a segunda maior no segmento no Brasil, no critério de prêmios emitidos. Segundo o ranking do mercado de seguros do Sincor, a combinação das carteiras elevaria os prêmios emitidos para R$ 5,36 bilhões, segundo dados de 2018, atrás apenas dos R$ 9,96 bilhões de Porto Seguro. Em termos de participação, a Allianz atingiria 15% do mercado, ante 28% da Porto Seguro.
 
Fonte: Valor




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